terça-feira, 20 de novembro de 2012

A pintura Indiana

Ao tratarmos a escultura ou a pintura na Índia, não podemos subtrair a idéia de que perante elas nos encontramos de certo modo na metade do caminho entre o oriente e o Ocidente. Ao contrário do que sucede com as manifestações plásticas da China ou do Japão, na Índia acreditamos notar desde o primeiro momento um bom número de aspectos que nos são decididamente familiares. Assim, por exemplo, o gosto pelo narrativo ou a inclinação decidida à representação do corpo humano em todo seu esplendor. No campo da pintura nos deparamos também com que os artistas indianos buscam, como europeus, realçar o volume fazendo uso de uma modelagem suave – o que não sucederá na China salvo nas pinturas budistas nem, muito menos, no Japão – e que, além disso, seu conceito do espaço e o método de perspectiva que utilizam (que ao contrário da ocidental não pressupõe um espectador imóvel, pelo que são utilizados vários pontos de fuga e inclusive mais de uma linha de horizonte numa mesma representação) não nos resultam tão estranhos como a visão panorâmica e os horizontes abertos das pinturas chinesas. Na arte indiana encontramos, por outra parte, uma mistura de realismo e idealização, uma sensualidade, que pareciam emparentá-la com nossas próprias formas de expressão. Nas paredes dos santuários podem inclusive ser contemplados cenas de um explícito conteúdo erótico, casais fazendo amor ou iniciando uma aproximação amorosa. Em vista de todos estes elementos, o espectador ocidental poderia pensar que se acha diante de uma arte essencialmente diferente daquela a que está habituado, uma arte onde são cantadas as alegrias e os gozos deste mundo, que o artista persegue a beleza formal por si só e no qual procuram produzir um gozo estético pela pura contemplação destas formas. Correm assim o risco de interpretarmos estas representações de acordo com nossas próprias categorias estéticas.
 

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