Mecenas nunca foram muito comuns na história brasileira. Por aqui, são
raros os donos de grandes fortunas que se preocuparam, efetivamente, com
arte ou cultura. E puseram a mão na massa – e no bolso – para construir
museus, bibliotecas ou universidades.
Daí a importância do trabalho que Bernardo Paz vem fazendo, há mais de
uma década, no Inhotim. De maneira discreta, “sem tocar tambor”, como
ele mesmo gosta de dizer, o colecionador mineiro revolucionou o mundo
das artes plásticas. E pôs a pequena cidade de Brumadinho, a 60
quilômetros de Belo Horizonte, no centro do debate da arte contemporânea
mundial.
O problema é que Inhotim acabou muito dependente da figura de seu
patrono, como ele mesmo reconhece. O próprio Paz decidiu aplicar, em seu
instituto, um instrumento hoje muito usado em museus de todo o mundo:
lançou o Amigos do Inhotim, projeto com o qual pretende arrecadar fundos
para sustentar as despesas do instituto. Em outras palavras: ele quer
mais “mecenas” para Inhotim, vindos da sociedade civil, e não apenas das
grandes empresas.
“O Inhotim teve seu começo como uma iniciativa particular minha. Mas,
desde 2006, tornou-se um espaço público quando se transformou numa
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)”, diz Paz,
que teve a ideia de criar o lugar ainda em 1995, quando se viu
confrontado com a morte depois de sofrer um derrame em Paris. “Ele foi
construído na base da persistência e com os meus próprios recursos. Mas
acho que a manutenção e a perenidade de um lugar assim exigem o
envolvimento de diversos setores da sociedade, seja o estado, a
iniciativa privada ou a sociedade civil.”
Segundo o diretor-executivo do Inhotim, Hugo Vocurca, o custo para
manter a instituição de portas abertas é de aproximadamente R$ 24
milhões por ano. Um valor que, nem de longe, é coberto com a venda de
ingressos de quem visita o local. “Dessa despesa, 75% vem de recursos do
próprio Bernardo. Uma situação insustentável no longo prazo”, analisa o
economista que, desde 2009, se juntou ao instituto depois de ter sido
Secretário Municipal de Educação de Belo Horizonte durante a gestão do
prefeito Fernando Pimentel.
O projeto Amigos do Inhotim prevê uma contribuição anual de seus
participantes. "Conseguir garantir o acesso a esse patrimônio cultural e
ambiental a toda a sociedade é um dos nossos mais importantes
desafios”, conta Hugo. “Daí a importância do Amigos do Inhotim”.
Disponivel em: www.revistaencontro.com.br/revista/edicao/119/cultura/a-maior-obra-do-inhotim.html
Acessado em: 18 de abril de 2012
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