sábado, 30 de junho de 2012

O Paraguai, o PSDB e o dilema do Senado



Jornal do BrasilMauro Santayana 

  O novo governo paraguaio pode ficar tranquilo: o senador Álvaro Dias garantiu ao presidente Franco o apoio incondicional do PSDB à nova ordem estabelecida em Assunção. Com essa solidariedade, o chefe de governo do país vizinho está apto a reverter a situação de repúdio continental, vencer a parada no Mercosul e roncar grosso — como, aliás, está começando a fazer — contra o Brasil, a Argentina e o Uruguai.

  O problema todo é que o bravíssimo senador Álvaro Dias, companheiro de dueto, até há poucas semanas, do senador Demóstenes Torres nas objurgatórias morais contra o governo, não combinou esse apoio com o povo paraguaio, que irá às urnas em abril e, provavelmente, nelas, dirá o que pensa da “parlamentada” de Assunção. E, mais ainda: não será ouvido nos foros internacionais que estão tratando do tema. Nesses centros de decisão, quem estará decidindo serão os chefes de Estado e os chanceleres dos países do continente. Por enquanto, estando na oposição, os tucanos não podem falar em nome do Brasil.


  A posição brasileira, prudente e moderada, está sendo assumida em consultas com os países vizinhos e com as organizações regionais. Nenhum desses países, por mais veementes tenham sido os protestos, violou um milímetro sequer da soberania do Paraguai — embora, na destituição de Lugo, o soberano real, que é o povo paraguaio, não tenha sido ouvido.

  O Brasil já anunciou que nada fará que possa prejudicar diretamente o povo paraguaio. Mas as suas elites devem estar advertidas de que a decisão de construir regimes democráticos sólidos, com o respeito absoluto à vontade popular, manifestada em eleições limpas e livres, é irrevogável na América do Sul.

 

Fonte: http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/06/28/o-paraguai-o-psdb-e-o-dilema-do-senado/

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